Investigador do CIDESD na “melhor” Selecção Nacional de Andebol

Investigador do CIDESD na “melhor” Selecção Nacional de Andebol

A formação de Tiago Oliveira, que integra a equipa técnica daquela que é já considerada a melhor selecção de sempre na história da modalidade, começou na UTAD, tendo desenvolvido os seus trabalhos de investigação no CIDESD. Recentemente, a Selecção Nacional de Andebol, comandada por Paulo Pereira, conquistou o 6º lugar no Europeu de Andebol, garantindo a melhor classificação de sempre num Campeonato da Europa (já que foi sétimo classificado em 2000). 

Qual foi o seu percurso profissional até chegar a esta etapa?

Sou treinador de Andebol desde 2008, passando essencialmente por escalões de formação. Sempre fui uma pessoa dedicada e apaixonada pela modalidade. Tenho o Curso de Treinador EHF PRO Master Coach e sempre gostei de ir a formações, inclusive no estrangeiro. Esta época desportiva, sou o responsável pelo Centro de Treino Nacional da Zona Centro, um dos três pólos onde a Federação de Andebol de Portugal inicia a busca dos talentos mais jovens de cada região.

Ao nível das Selecções Jovens, colaboro com a Federação de Andebol de Portugal desde 2018, fazendo parte das equipas técnicas em diversos estágios de preparação e torneios internacionais, tendo participado no Campeonato da Europa de Sub-20 na Eslovénia e no Campeonato do Mundo de Sub-19 na Macedónia.

No que diz respeito à Selecção, a minha colaboração iniciou em Janeiro de 2019 com a missão específica de analisar os adversários e fazer os respectivos cortes dos jogos para o apuramento do Campeonato da Europa de 2020.

Em concreto, em que consiste o seu trabalho na Selecção Nacional de Andebol?

A minha função na Selecção A consiste na análise dos jogos dos adversários, onde faço os cortes dos jogos com recurso a softwares específicos para o efeito, neste caso o XPS Sideline, dividindo as acções pelas diferentes fases do jogo. Quando termino a análise dos jogos, faço uma compilação das acções colectivas e individuais e crio eventos específicos de acordo com um padrão de análise previamente estabelecido. É como que desmontar as peças de um puzzle, onde os jogos chegam ao seleccionador com informação filtrada para que este possa aceder e consultar apenas o que lhe interessa.

Neste momento, também trabalhamos em “live mode”, ou seja, no pavilhão, analiso e corto os jogos de Portugal em directo. Ao intervalo, o seleccionador e os jogadores têm acesso a imagens das acções da primeira parte, assim como estatísticas ou outros factos mais relevantes. Iniciámos este processo no Campeonato do Mundo de Sub-19 na Macedónia e estamos a evoluir bastante neste aspecto particular da análise do jogo.

Como vê o aporte do conhecimento científico para melhorar o processo de preparação destas equipas de alto rendimento?

O meu percurso académico na UTAD influenciou, de alguma forma, não só o conhecimento que tenho do jogo, mas também a forma como se olha para os adversários e que informações podemos retirar. Algumas disciplinas do curso trazem-nos conhecimento útil no momento de preparação dos jogos.

No seu entender, quais podem ter sido os factores mais determinantes deste sucesso da Selecção Nacional?

As Selecções Nacionais Jovens têm vindo a demonstrar resultados bastante agradáveis nos últimos anos. Em 2018, obtivemos o 4º lugar no Campeonato da Europa Sub-20 na Eslovénia, em 2019, o 4º lugar no Campeonato do Mundo Sub-21 em Espanha e Sub-19 na Macedónia. Estes resultados podem resultar do facto de termos quase todos os jogadores a jogar em escalões superiores, grande parte deles envolvidos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de Seniores.

No que diz respeito à Selecção A, creio que o facto de termos cada vez mais jogadores a jogar no estrangeiro em campeonatos bastante competitivos (França, Alemanha, Espanha, Hungria, etc.) aliado à naturalização dos jogadores cubanos se traduziu numa mais-valia em termos de experiência de jogo e aumento da qualidade. Ainda assim, todos os jogadores demonstraram um compromisso enorme nos estágios preparatórios que antecederam este Campeonato da Europa. Claro que o seleccionador Nacional, Paulo Jorge Pereira, sendo o líder do grupo, tem um papel preponderante neste desfecho, assim como o trabalho diário desenvolvido pelos jogadores nos seus clubes.

O que se poderá projectar para o futuro mais próximo?

Relativamente às selecções jovens, queremos estar presentes em todas as fases finais das grandes competições, pois só assim poderemos manter o nível competitivo e porque já mostrámos que temos capacidade para defrontar as melhores selecções.

Relativamente à Selecção A, neste momento, o foco está a 100% no torneio pré-olímpico de Abril, onde iremos defrontar a França, a Croácia e a Tunísia. Deste grupo, apuram-se duas equipas para os Jogos Olímpicos, o que, embora extremamente difícil mas não impossível,  seria um feito extraordinário na nossa modalidade.