Desporto de Formação está de luto

Desporto de Formação está de luto

«O desenvolvimento das gerações mais jovens tem que ser perspetivado a partir de uma visão holística, que, além de considerar a importância individual dos seus compartimentos mais populares (Arte, Cultura, Desporto, Educação, Música, Saúde,…), dá ênfase, sobretudo, à forma como estes compartimentos interagem e produzem um entendimento diferente (e provavelmente mais avançado) da humanidade.

Neste enquadramento, o Desporto de Formação em particular é uma peça-chave para  desenvolver indivíduos mais produtivos e criativos, física e mentalmente mais saudáveis, mais resilientes e mais cooperantes. Comprometer este processo é comprometer todo o nosso futuro

Jaime Sampaio, diretor do CIDESD e professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

 

«Após quase três meses de paragem (março a maio 2020) e quatro meses de retoma progressiva (nalguns casos), o desporto tem iniciado com muitas restrições e limitações a sua atividade. Uma das maiores razões deste facto deve-se imputar às orientações anacrónicas e descoordenadas da DGS sobre as orientações (36/2020) para a atividade física e o desporto, com consequências evidentes para o abandono de milhares de crianças e jovens da prática do exercício e atividade desportiva.

Urge colmatar o severo impacto das medidas de contingência e controlo da pandemia por COVID-19 no desporto, a exemplo do que sucedeu nos restantes países europeus onde o desporto é atendido e reconhecido com medidas concretas, extraordinárias e específicas de combate aos prejuízos, conforme diretivas europeias: do Conselho, da Comissão e do Parlamento Europeu.

Não chega o anúncio da retoma da prática desportiva, desde a formação até ao alto rendimento desportivo, porquanto as condições em que se concretiza a retoma, com controlo de riscos sanitários associados, torna insustentável a sua existência, não só pelos prejuízos decorrentes da paragem de quase sete meses, mas pelos custos excessivos do reinício, sem medidas de apoio urgentes. Neste particular, permitam e estimulem, desde que devidamente adaptadas às condições sanitárias existentes e riscos controlados, as atividades, as modalidades, as organizações e acima de tudo as crianças e jovens de terem saúde, não pela ausência da doença, mas sim pela sua promoção e prevenção, pelo desporto

António José Silva, presidente da Federação Portuguesa de NataçãoProfessor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

 

«A prática desportiva nas crianças e jovens é fundamental para a aquisição de hábitos e estilos de vida saudável, mas também para dotar os jovens de um conjunto de competências essenciais para a prática de qualquer modalidade. A interrupção prolongada do percurso do praticante poderá ter consequências imprevisíveis. O abandono, a ansiedade pela falta de prática da sua modalidade ou o retrocesso nas aprendizagens são alguns exemplos do que pode assolar o jovem praticante.»

Pedro Sequeira,  presidente da Confederação dos Treinadores de Portugal, vice-presidente da Federação Portuguesa de AndebolProfessor na Escola Superior de Desporto de Rio Maior