15 Jul CIDESD avalia indicadores de saúde dos estudantes universitários
O retrato da pandemia do COVID-19 em Portugal continua a ser feito dia após dia, mas, à excepção da área de Lisboa e Vale do Tejo, o País está em situação de alerta desde o início do mês. Durante o período de confinamento, foram vários os desafios para as instituições de Ensino Superior, com mudanças nas rotinas de ensino-aprendizagem e, também, com alterações no padrão comportamental dos estudantes.
Foi nesse contexto que as investigadoras Eduarda Coelho, Isabel Mourão e Sandra Fonseca decidiram aplicar um questionário a 239 alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) para observar se o confinamento decretado pela pandemia se revelou um factor de risco na adopção e/ou manutenção de estilos de vida saudáveis.
«No âmbito da tese de doutoramento do Emanuel Lima, que temos orientado, já tinha sido realizada uma primeira aplicação de um questionário que avaliou os indicadores de saúde e qualidade de vida nos estudantes da Licenciatura em Ciências do Desporto. Os resultados são preocupantes, visto que se identificaram problemas associados à prevalência de obesidade, sono e stress. O aparecimento da pandemia e o período de confinamento alteraram drasticamente a vida académica, social e pessoal dos estudantes, pelo que resolvemos aplicar um novo inquérito para averiguar as possíveis consequências na saúde dos estudantes universitários», refere Eduarda Coelho.
O questionário foi aplicado durante o mês de Maio e os dados já analisados demonstram que os estudantes, entre os 19 e 36 anos, mantiveram os níveis de actividade física, aumentaram o tempo que passam no computador e reduziram o tempo a ver televisão durante o período de confinamento.
«Relativamente ao sono, apesar de o número de horas se ter mantido, a qualidade deste piorou. A percepção dos estudantes relativa à qualidade da sua saúde e da sua aptidão física diminuiu», sublinha Isabel Mourão.
Numa perspectiva nutricional, Sandra Fonseca acrescenta que os resultados preliminares mostram que o consumo semanal de verduras aumentou, tendo-se registado um aumento na prevalência do consumo de verduras até cinco ou mais vezes na semana, em tempo de confinamento. O consumo de peixe também aumentou, com a maior parte da amostra a ingeri-lo pelo menos duas vezes por semana. Paralelamente, o consumo diário e semanal de carnes vermelhas diminuiu, com alguns dos estudantes a referenciarem nunca ter consumido este tipo de carne durante todo o período de confinamento.
«De um modo geral, observámos uma diminuição do consumo de salgadinhos. Constatámos um aumento do número de alunos que referiam nunca ingerir estes alimentos na sua dieta semanal e notámos um aumento da prevalência de alunos que não ingerem bebidas alcoólicas, justificada pelo regresso a casa que implicou, na maioria dos casos, a presença de pais e/ou outros familiares adultos e pela proibição de sair para confraternizar», sublinha a investigadora do CIDESD.
Alguns destes comportamentos, associados ao aumento dos níveis de sedentarismo, podem explicar o aumento de peso durante o período da pandemia. «Na realidade, observámos um aumento de 3% na prevalência de excesso de peso na amostra de alunos estudada», concluíram.