01 Jun A matemática já nos ensina a vencer no futebol
O desporto atravessa uma revolução trazida pela análise de dados que nos ajuda a encontrar as melhores estratégias para ganhar.
O Benfica venceu o Borussia Dortmund por 1-0 em fevereiro do ano passado, com um golo de Mitroglou. Rui Vitória elogiou a forma como o SLB controlou o ataque alemão. Na realidade, simplesmente teve bastante sorte. O “normal” naquele jogo teria sido os alemães marcarem três golos (um deles de penálti) e o Benfica ficar a zeros. Não é conversa de café, é análise estatística. Na segunda mão, o pêndulo balançou para o outro lado. Perante as oportunidades criadas, o normal seria o Borussia marcar dois golos e o Benfica nenhum. O jogo acabou 4-0 para os alemães, e o SLB foi eliminado.
O exemplo foi dado num texto do goalpoint.pt, um site de estatística desportiva, que nos mostra a utilidade de um sistema métrico relativamente recente, chamado expected goals (golos esperados), que expressa o número provável de golos num jogo, tendo por base as oportunidades criadas. Além disso, analisa várias características do remate: a distância da baliza, o ângulo, se é feito com a cabeça ou o pé, que tipo de passe o antecede, em que jogada se enquadra (contra-ataque, bola parada), se é um ressalto e se surge depois de fintar o adversário. É
um indicador avançado cada vez mais popular, sendo ao mesmo tempo intuitivo para os adeptos. Naquele caso, ele dizia muito mais sobre o jogo do que o resultado. Este é um dos avanços que a análise de dados tem permitido no entendimento do que se passa dentro das quatro linhas. O movimento que já varreu o basebol e o basquetebol começa, aos poucos, a chegar ao futebol.
Conseguiremos explicar o jogo com a matemática? “O jogo de futebol é um fenómeno de grande complexidade que atrai muita atenção na academia. Atualmente, o uso de tecnologias avançadas, que capturam todo o tipo de dados com elevada facilidade e precisão, tem permitido construir enormes bases de dados sobre o processo de treino e de competição”, explica à EXAME Jaime Sampaio, diretor do Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.