À conversa com os vices-reitores da UTAD e da UBI sobre o trabalho do CIDESD

À conversa com os vices-reitores da UTAD e da UBI sobre o trabalho do CIDESD

Na recta final do projecto estratégico do CIDESD (2015-18), importa conhecer qual o balanço que as instituições de gestão do consórcio – UTAD e UBI – fazem do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, através das vozes do vice-reitor para a área da Investigação e Inovação da UTAD, Emídio Gomes, e do vice-reitor para a área da Investigação e Projectos da UBI, José Páscoa.

Como é que vê as áreas do desporto, do exercício e da saúde no panorama actual da investigação e da inovação?

O CIDESD foi uma surpresa muito positiva que encontrei na UTAD. Sabia da sua existência e da sua valia, mas o conhecimento mais directo que, ao longo do último ano e meio, tive da sua actividade reforçou em muito essa imagem positiva. O CIDESD desenvolve uma das mais relevantes actividades de investigação e inovação na área do desporto e na relação do desporto com a saúde em Portugal. Isso é, também, um contributo muito significativo para a afirmação das instituições do consórcio CIDESD. Vivemos cada vez mais um maior número de anos e de uma forma desadequada face àquilo que é um estilo de vida saudável, por isso, a investigação nestas áreas é algo de fundamental. Por outro lado, também não nos podemos esquecer da investigação que o CIDESD faz na área da performance desportiva, que tem um impacto muito elevado no desporto de competição, uma das mais relevantes actividades económicas que existem no mundo.

Nós temos cursos na área do desporto, mas, de facto, a actividade de investigação do CIDESD é que permite ganhar uma projecção de maior dimensão e imagem externa. De facto, o trabalho tem uma segunda mais-valia, que é ter um centro multipolar, o que permite que haja uma maior massa crítica para desenvolver um conjunto de actividades nesta área. Por outro lado, isso reflecte-se na visibilidade internacional que os nossos investigadores têm tido e que resulta no reconhecimento até a nível internacional, nomeadamente no ranking Times Higher Education e noutros rankings internacionais como o de Shanghai, em que há esta área científica do desporto é tida como área de referência no âmbito da UBI. Portanto, a UBI é uma ganhadora por ter um centro de investigação que, tendo esta dimensão multipolar, acaba por alavancar esta área em termos estratégicos da própria universidade.

 

Que papel tem tido, ou pode ter, o CIDESD na transferência de conhecimento para a comunidade e para o tecido empresarial?

São dois níveis distintos. Por um lado, o CIDESD tem um eixo muito importante na questão da actividade e da performance desportiva em ligação com o sector da saúde, enquanto actividades que olham para as pessoas, para o seu bem-estar e para a sua forma de estilos de vida saudável. O outro eixo é de maior interacção com a componente do desporto enquanto actividade de competição. Em especial nos desportos de alta competição, o CIDESD tem um impacto muito mais relevante nos parceiros económicos e nos parceiros que se dedicam à actividade desportiva, não só como um fim em si de promoção da saúde, mas como uma actividade económica muito relevante. Há áreas do desporto que movimentam muitas centenas ou milhares de milhões de euros. Basta olharmos para os exemplos do basquetebol, do andebol e do futebol para percebemos três domínios que, à escala planetária, têm uma actividade económica muito relevante.

Desenvolvidas no âmbito dos subprojectos das várias linhas e grupos do CIDESD, as actividades estão intimamente ligadas com a sociedade local, nomeadamente com organizações, municípios, associações sem fins lucrativos e algumas empresas, o que permite fazer uma transferência de conhecimento para todo um território que, estando no Interior do País, acaba por beneficiar positivamente de uma imagem de acesso à cultura desportiva, a uma cultura de bem-estar. Nesse sentido, dá-nos uma dimensão de maior qualidade de vida, não só associada ao próprio território (que a tem de forma natural), mas ao facto de as pessoas poderem aceder a um conjunto de mais-valias. As pessoas que desenvolvem estas actividades no âmbito do CIDESD permitem que, inclusive, as empresas, nomeadamente ginásios e associações desportivas distritais, beneficiem da competência que existe ao nível da área do desporto e das ciências ligadas à saúde, ao bem-estar e ao desenvolvimento humano. Se não existisse um centro deste género, seria muito difícil às empresas e entidades que estão instaladas no território ter acesso a um conjunto de equipamentos para análise de rendimento. De facto, vejo e testemunho uma ligação muito próxima entre o CIDESD e o território onde está inserido, além obviamente da sua projecção internacional que é reconhecida ao nível das publicações e da participação em eventos internacionais com os próprios investigadores.

 

Como é que o CIDESD pode contribuir para a resolução/minimização dos problemas que afectam a região de Trás-os-Montes e da Beira Interior (respectivamente)?

Todos os contributos para mantermos um Interior com actividade económica e com pessoas são relevantes e o CIDESD tem, naturalmente, um contributo que, enquanto parte integrante da UTAD, é relevante. Temos o CIDESD e abrimos recentemente o curso de “Ciências da Nutrição” e as duas coisas conjugadas têm um impacto muito interessante naquilo que é a vida no dia-a-dia das nossas populações. Infelizmente, temos uma população cada vez mais envelhecida, mas também temos a intenção de fixar os jovens. A promoção de emprego qualificado que o CIDESD pode promover, em conjugação com esta área mais ligada ao nutricionismo e à actividade física relacionada com a alimentação, é claramente um contributo para um problema que exige uma solução global, permanente e integrada. Portanto, o CIDESD é uma parte importante da solução.

Prende-se com o facto de estarmos a formar profissionais que, no âmbito das competências de cada um dos seus graus de ensino (licenciatura, mestrado, doutoramento), podem interagir com a sociedade local e elevá-la a um patamar de desenvolvimento nesses domínios. O CIDESD é especialmente estratégico, nomeadamente ao nível dos mestrados e dos doutoramentos. Portanto, a existência de um centro deste género é condição sine qua non para que possamos garantir uma formação, quer ao nível do mestrado, quer ao nível do doutoramento, e até em termos de ligação à sociedade local, o que permite que haja uma transferência de novas ideias para a sociedade local e, além disso, a criação de novas empresas e associações. Isso só é possível pelo facto de as pessoas interagirem no seio do CIDESD, nas várias instituições e terem acesso a um conjunto de informação que é relevante a nível mundial e que conseguem transferir de uma forma bastante rápida e imediata para o tecido local. E, dessa forma, conseguem esse impacto positivo na economia local. Sem esquecer a questão fundamental de que muitos dos nossos investigadores e actores que trabalham nesta área são eles próprios empreendedores, contribuindo para uma mudança de paradigma na economia regional e local. Por outro lado, estamos numa zona em que existe uma componente de envelhecimento activo que é fundamental ter em consideração e, de facto, a existência destes profissionais, com  novas ideias e novas mentalidades, vai introduzindo mudanças essenciais nas próprias instituições que promovem esse fim de vida activo. Dessa forma, o CIDESD actua de uma forma estratégica nesses domínios.

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