À conversa com a investigadora Elisa Marques

À conversa com a investigadora Elisa Marques

Elisa Marques, docente no Instituto Universitário da Maia (ISMAI), desenvolve os seus trabalhos de investigação no âmbito da comunidade científica Geron. No arranque deste ano, avalia o trabalho realizado e perspectiva os próximos desafios no CIDESD.

Como é que vê a área das Ciências do Desporto no panorama actual da investigação?​

As Ciências do Desporto ocupam, actualmente, um espaço altamente relevante na investigação científica, nacional e internacional. Este posicionamento está aliado à relação próxima e simbiótica com as Ciências da Saúde e às parcerias entre investigadores e instituições nacionais e internacionais. Marcadas por um percurso cada vez mais ecléctico e geograficamente globalizado – potenciado pela afiliação, cada vez mais comum, de projectos e investigadores em multi-centros -, as Ciências do Deporto são hoje uma área em forte expansão no panorama científico. Em simultâneo, verifica-se a crescente e forte aposta na ligação entre a evidência produzida pelas Ciências do Desporto e os múltiplos contextos da sua aplicabilidade, de que é bom exemplo a área do rendimento desportivo (veja-se o investimento recente de alguns clubes de futebol). Contudo, a alta competitividade nos concursos a financiamento apresenta-se como o nosso maior desafio, bem patente nos resultados mais recentes relativos ao Emprego Científico Individual, da FCT.

Como viu o decorrer do último projecto estratégico do CIDESD (2013-19) na sua comunidade?

O anterior projecto estratégico do CIDESD ficou marcado pela minha entrada no Centro e na comunidade Geron e pela minha ligação/participação à distância, por ter assumido, entre 2014 e final de 2017, uma posição de investigadora no National Institutes of Health (NIH), sediado nos EUA. Tenho uma grande afinidade com a comunidade Geron porque esta se dedica particularmente à relação da actividade física e exercício com a saúde no envelhecimento e doenças crónicas – áreas que conjuntamente definem a minha própria investigação. Durante estes anos, destaco o projecto financiado NanoStima – Macro-to-Nano Human Sensing: Towards Integrated Multimodal Health Monitoring and Analytics – que foi um fortíssimo impulsionador da investigação, do recrutamento de novos recursos humanos e do desenvolvimento dos programas Extra4Health, AquaStima e Passus Saudáveis – que potenciaram a criatividade, a inovação e a produção de evidência científica. Durante este período, as três edições do Congresso Internacional do CIDESD fomentaram não só o networking dentro da comunidade Geron, mas  também a sua visibilidade além CIDESD. Nesta sequência, considero que, globalmente, 2013-19 foi um período decisivo para o qual contribuiu a captação de financiamento para a área e, consequentemente, para a afirmação do CIDESD nacional e internacionalmente.

Em termos de investigação, quais serão as suas prioridades para o próximo triénio?

O investimento no apoio aos projectos de investigação que envolvem os estudantes de doutoramento em Ciências do Desporto, particularmente no curso de 3º ciclo do Instituto Universitário da Maia, é uma das prioridades nestes próximos anos. Também o projecto HOLDAGE – The Hypotensive Effects of Home-Based Isometric Handgrip Training in Older Adults with Pre-Hypertension and Hypertension –, que está a decorrer, marcará o próximo triénio, nomeadamente no que toca aos desafios altamente estimulantes associados à sua componente inovadora e à ligação às ciências médicas e da saúde.

Relativamente aos meus objectivos podem ser divididos em duas grandes finalidades:

– Manter o foco na área do exercício e saúde óssea para consolidar diferentes linhas de investigação: 1) em populações especiais com desregulação do metabolismo ósseo: doentes crónicos (doença renal, diabetes e cardiovascular) e idosos; 2) efeitos agudos do exercício no metabolismo ósseo em populações saudáveis e em doentes crónicos; 3) prevenção da fragilidade, perda de equilíbrio e fracturas ósseas. A investigação na área da saúde óssea, potenciada pelo exercício, continua com grandes desafios e com forte potencial para inovação e aprofundamento do conhecimento. Este investimento tem como objectivo adequar a prescrição de exercício e a optimização dos ganhos, quer para populações saudáveis, quer para populações já com debilidade física;

– Manter as colaborações com investigadores internacionais e aumentar a rede de parceiros está também na lista de prioridades.